quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A magia da infância


Dia das Crianças. Feriado no meio da semana. Dia de curtir zoológico, parque de diversões, filmes infantis, teatro de bonecos, tudo que a criançada adora. Para o adulto que não tem um pequenino para cuidar, dia de lembrar a infância.

Por que será que a gente quer tanto crescer? Ser adulto é tão chato, sobram obrigações e a diversão brinca de pique-esconde conosco. Se a gente adivinhasse quando criança o quanto adulto sofre com a tal responsabilidade, faríamos como Peter Pan: é proibido crescer! 

Na minha infância, o céu era o limite. A rua era extensão de casa, qualquer coisa virava brinquedo e a vizinhança era o nosso domínio. Boneca, bete, enfinca, elástico, pião, bilboque, queimada, pique-pega, bola de gude, amarelinha, banho de chuva, o mundo mágico do faz-de-conta. Como era fácil se divertir!

Divulgaram uma campanha no Facebook: escolha um personagem de história em quadrinhos e mude sua foto até o dia 12 de outubro, para apoiar o movimento contra a pedofilia. Todo mundo tirou o pó das lembranças infantis e os personagens foram aparecendo, muitas She-Ras, Thundercats, Power Rangers, até que os heróis dos anos 70 e 80 começaram a desfilar: Batman, Superman, Homem Aranha, Mulher Maravilha. Eu tirei do baú minha fantasia de Batgirl, lustrei a capa, vesti a máscara e brinquei muito. 

Alguém me perguntou se eu tivesse superpoderes quais seriam e o que eu faria com eles. Eu lembro que na infância eu queria muito ser a Feiticeira, aquela que torcia o nariz uma meia dúzia de vezes e pronto... a mágica acontecia. Eu treinava horas na frente do espelho, imaginando mil formas de utilizar este poder: requebra o nariz, a cama estava arrumada, lençol esticado, cobertas dobradas; requebra de novo, a mesa se enchia de guloseimas; mais uma vez e eu estava sobrevoando o planeta. Também queria ser a Jeannie, a gênio da garrafa do Capitão Nelson, que dobrava os braços, piscava e fazia tudo acontecer. Não, era mais que isso, ela "consertava" tudo. 

Eu queria um superpoder que consertasse tudo. Um estalar de dedos e a divisão de renda do mundo seria completamente justa. Uma piscadinha e as crianças estariam todas a salvo, de pedófilos, agressores, bicho papão e monstros que moram ao lado, ou dentro de casa mesmo.

Queria ter o laço mágico da Mulher Maravilha por alguns dias. Entrar no Congresso Nacional e pedir gentilmente aos políticos que dissessem a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade. O amuleto da Poderosa Ísis transformaria qualquer pessoa no que ela realmente é por dentro e, diante de um espelho, essa pessoa teria que se encarar e tomar uma atitude.

O poder de Magneto reuniria todas as armas do mundo, transformando-as em um metal que só poderia ser utilizado para fazer arte. A telepatia seria um dom generalizado, mas somente para alertar as outras pessoas de perigos. Nunca para sugestioná-las, ler seus pensamentos ou intimidá-las. 

Uma sacudida na varinha mágica do Harry Potter e todas as árvores seriam frutíferas, toda água do planeta seria boa para beber, todos os vales áridos se transformariam em riachos e oásis.

A brincadeira estava muito boa, mas o dia estava terminando e a minha reforma mundial foi adiada por um bom motivo: tomar café com amigos no Cacahuá, na 207 sul. 

O café do fim de tarde, virou o almoço tardio, com a torta de legumes e o suco de laranja. Mas é claro que o café tinha que entrar na equação e eu pedi algo tipo: café com vinho do porto e conhaque, chantilly e chocolate em pó. Quase ganhei o poder de flutuar com essa bebida diferente! Histórias engraçadas, risadas sem fim, um grupo de amigos se despediu do feriado como toda criança saudável faz: encontrando alegria e prazer nas coisas simples da vida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário