terça-feira, 7 de agosto de 2012

Falando da Itália


Alguém me disse que eu anunciei a viagem para a Itália e depois volto com um texto de dez linhas. Daí fiquei um tempão pensando em o que escrever sobre essa peregrinação em uma terra tão bela. Lembrei de um episódio.
Eu estava na recepção do hotel em Florença, único local onde a internet pegava (male, male), olhando e-mails e o facebook, é claro. Comecei a pensar nos lugares que tinha visto e nos que queria ver. Fiquei triste por não ter entrado no Duomo de Milão (os trajes de verão não são adequados para a Catedral, segundo a segurança do local, nada de blusinhas de alça, shorts ou saias acima do joelho). 
Queria entrar, olhar os vitrais, esculturas e pinturas, sentar em um dos bancos e ouvir uma missa em italiano ou latim, reconhecer talvez a oração do Pai Nosso. Mas acho que isso não é mais possível, a quantidade de turistas em visitação é tão grande, que não dá mais pra sentir o "clima" dos locai visitados. 
Eu me senti a maior parte do tempo carregada pelas filas no Coliseu e no Vaticano, ou impedida pela multidão de me aproximar, como na Fontana di Trevi, onde eu tinha a doce ilusão de poder imaginar "in loco" a cena de La Dolce Vita. Você mal consegue se aproximar da fonte, toda as fotos tem um verdadeiro mar de cabeças. Mas isso não é uma reclamação, é mais uma constatação, afinal, eu faço parte desse mar de cabeças que deseja ver, tocar, capturar em fotos os locais visitados.
Bom, voltando ao hotel em Florença, escutei uma garota (talvez 18, 19 anos) conversando com o namorado no celular, em voz alta, em português. Uma conversa bem longa, como deve ser nessa idade, contando seu dia de turismo. A questão é que tudo se resumia a compras. As gravatas para ele, as bolsas de marca que ela conseguira achar por um ótimo preço. Não cito marcas por pura falta de conhecimento, sou um ser do gênero feminino anômalo, desconheço quase que por completo o que seja uma bolsa de grife, um sapato de marca, um vestido famoso. Não dou a mínima para ter roupas famosas no meu guarda-roupa, então acho que basicamente sou brega. A conversa se estendeu aos detalhes, ela contava o material de que era feita a bolsa, o formato, o tamanho, a cor.
Eu estava sentindo dores excruciantes no ouvido. Não conseguia acreditar que alguém pudesse sair do seu próprio país, atravessar um oceano,e desembarcar em um país cheio de riquezas artísticas por todos os lados - provavelmente, há alguns séculos, as crianças eram incentivadas pelos pais depois do jantar: "Mica (diminutivo de Michelangelo), querido, vá pintar seu quadro antes que chegue a hora de dormir", "Leo, meu amor, deixe essa invenção para amanhã, já está muito escuro para ficar aqui fora" - e conversar sobre compras como o grande objetivo de sua viagem.
Além de todos os tesouros que se pode visitar, carregados de história, cultura, emoção, achei fantástica a experiência de observar outras pessoas, entender como os italianos se relacionam com outros cidadãos do mundo - algumas vezes são extremamente atenciosos, de outras parecem exaustos e irritados com a atenção dos turistas sobre o seu patrimônio artístico -, o humor cínico e a emoção sempre à flor da pele. Os gestos amplos, o riso fácil, a resposta rápida. Aos amigos italianos que fiz na viagem, Grazie mile e Ciao!

sábado, 4 de agosto de 2012

Um desejo na Fontana di Trevi

A viagem para a Itália foi mais um sonho realizado. Passear por cidades centenárias como Veneza e Florença, ou milenares como Roma, é um privilégio. Contemplar a história, a arte, a cultura que lemos e das quais ouvimos falar, comparar as impressões que os livros e filmes nos passam com a cena real, tudo isso é simplesmente incrível.
Sou uma turista reprovável. Não faço questão de registros fotográficos de mim mesma, mas adoro capturar na câmera momentos inusitados. Posso mostrar várias fotos de placas, camisetas, letreiros que me chamaram a atenção e nenhuma foto clássica em frente a monumentos como o Coliseu ou a Catedral de Florença. Fui a Veneza e esqueci a máquina fotográfica, insano não é? Então aproveitei para observar com atenção aquilo que não poderia registrar em fotos. A Piazza San Marco e sua Basílica enchem os olhos e a visão da Lagoa de Veneza é de tirar o fôlego.
Também se perde o fôlego contemplando a Fontana di Trevi, mesmo com o mar de cabeças das centenas de turistas que invadem o lugar diariamente, principalmente no mês de julho. 
Alguém disse que jogar uma moeda de costas para a fonte garante o retorno a Roma, como turista reprovável, não o fiz, mas prometi a mim mesma voltar a este país cativante.





quarta-feira, 11 de julho de 2012

Testamento


Toda vez que eu vou viajar tenho um ritual. Anoto contas bancárias, senhas, dados de seguro de vida, possível localização do meu cofrinho e tudo que possa servir de herança para o meu filho, dobro e ponho em local secreto para nós dois. Fica tudo lá, minha ínfima herança financeira. Se tiver dívida pendente, anoto também, fazer o quê, herança também pode ser negativa, certo?
Quando a viagem é breve ou próxima, penso pouco a respeito dessa história de legado. Mas dessa vez vou cruzar o oceano, umas 10 horas de voo, eu acho. Resolvi meditar no que posso considerar como parte integrante de um verdadeiro testamento.
Queria ter certeza que fiz o melhor na criação do JV. A maioria dos dias, acordo me sentindo bem no meu papel de mãe. Acho que dei exemplo, educação e dividi com ele o pouco de cultura que me coube e que tento ampliar sempre que posso. Também ensinei sobre fé, caráter, sinceridade e amor. Bom, assim fica tudo coberto, então.
Para a família, não sei dizer se sou o que se pode chamar de inesquecível ou mesmo memorável, mas tenho afetos espalhados no coração de irmãos, sobrinhos, primos, tios e assim por diante. Existem fotos suficientes para provar minha participação nos eventos familiares e lembranças que podem alimentar as histórias que começam com: "você lembra aquele dia em que ela...". Ela sou eu e sei que posso ser alvo de boas recordações e grandes risadas e isso é um alívio!
Para os amigos, deixo minhas frases de efeito (não lembro bem quais são, mas elas existem, eu sei, e eles falarão sobre elas), a imagem mais recente do nosso último encontro, que com certeza envolveu um abraço, um sorriso, uma piada sobre o momento. Deixo também a promessa de que são inesquecíveis e alvo do meu melhor carinho (a gente tem um carinho mais ou menos, né, todo mundo sabe disso).
E se (ou quando) eu voltar, arquivo o testamento para a próxima viagem, mas mantenho todo o legado que escrevi e que na verdade é tudo que realmente me interessa.

domingo, 13 de maio de 2012

Mãe é todo dia!

Puxa, mais um ano, mais um dia das mães...
O meu filho já tem 19 anos, mas a sensação única de tê-lo nos braços e saber que eu o carreguei por nove meses e que o meu corpo ainda trêmulo provava o esforço maravilhoso de dá-lo à luz, isso não tem preço. Vai comigo pela vida afora, me dando ânimo, forças pra lutar qualquer batalha e um alegria que só quem é mãe sabe medir.
Filhos são espelhos. Engraçado como eles têm nossos trejeitos, nosso andar, o mesmo jeito de dormir, os mesmos olhos, o formato das mãos. Que responsabilidade envolve a maternidade! Como proteger, se não há garantias! Como educar e ajudá-los na formação de um caráter íntegro? Como apagar dos olhos  suplicantes toda mágoa, toda dor, todo desapontamento? Não há fórmulas, não há receitas, não temos o poder de protegê-los em todos os momentos, e isso dói, causa em nós uma angústia e uma preocupação que só se apagam quando os vemos felizes, seguros em nossos braços, vencedores em suas pequenas conquistas.
Mário Prata disse que "filho é bom mas dura muito", querendo ressaltar que a preocupação dos pais é eterna, que não há idade em que não velemos pelos filhos. Estaremos sempre torcendo, sempre almejando o melhor para eles. Meu exemplo para ser mãe já se foi. Sou órfã e isso me pesa todos os dias, não importa a idade que eu tenha ou quão adulta eu me esforce em ser. Porque colo de mãe é conforto físico, emocional e espiritual. Abraço de mãe, como disse a Sandra Cosseti, cura tudo, apaga qualquer dor, remove montanhas. E a falta que a mãe faz é tão eterna quanto a presença do seu amor!



terça-feira, 24 de abril de 2012

Tal gente, tal pássaro

Hoje eu vi dois passarinhos brigando. Tive que ir ao hospital por causa de uma laringite que me roubou o sono, o som da voz e o sorriso. 
Normalmente, eu trato doença como aquelas pessoas que forçam a amizade. Aceno com a cabeça concordando, finjo que a piada não é comigo e desvio. Mas essa se agarrou a minha garganta, literalmente, e não tive escolha senão recorrer aos cuidados médicos.
No estacionamento, entrei no carro e vi a cena inusitada: dois passarinhos se atracando no chão. Voavam um pouquinho, sempre com as patas agarradas e os bicos grudados e voltavam a cair, rolar, uma verdadeira pancadaria. Acho que o motivo era sério, eles rolaram metade do lugar, sem se preocuparem com a possibilidade de serem atropelados ou se ralarem em pedras. Um homem que cuida dos carros tentou soltá-los, mas eles simplesmente bateram asas agarrados e ganharam distância de nós.
Nesse momento eles estavam muito parecidos com nós seres humanos. Quando pulamos uns sobre os outros no calor do momento, nem a iminência da morte nos faz recuar. Que triste!
Sai de lá imaginando diálogos para aqueles dois pássaros. Se fossem um macho e uma fêmea:
Ela: Bandido, achou que podia me trair com aquela pardal esquelética, que só tem pena e osso? Vou te mostrar com quantos gravetos se faz um ninho!! Me larga...
Ele: Você tá louca! Pegou a gripe aviária? A garota é namorada do João de Barro, estava só me perguntando como abrir uma conta no twitter! Só largo se você se acalmar...
E se fossem duas fêmeas:
Ela1: Periguete, sirigaita de uma figa! Quem disse que você podia dar mole pro meu marido? Agora você vai ver estrelas sem voar!
Ela2: Sua balofa horrorosa, ele que me procurou! Disse que você não é mais a pardalzinha tchuchuca com quem ele casou. Ai, larga minhas penas, acabei de passar chapinha!
E se fossem dois machos:
Ele1: Retira agora o que você disse sobre o Gavião Futebol Clube, seu pardalzinho safado de segunda classe...
Ele2: Se você for macho mesmo, faz eu retirar, seu colibri vira-casaca!!
Cheguei em casa, tomei os remédios, me arrumei para o trabalho e ainda poderia escrever uns 20 diálogos para os pássaros briguentos... A imaginação realmente nos dá asas!

domingo, 22 de abril de 2012

Brasília, capital da esperança... em quê mesmo?

A imagem ao lado tem circulado pela net e produzido vários comentários nas redes sociais. Alguns reclamam do fato de Brasília ser vista como um reduto de corruptos, corruptos estes eleitos em outros estados e enviados para cá. Eu mesma já usei essa frase quando viajei para outros estados e me perguntaram de onde eu era.
Ontem brasília completou 52 anos, uma criança! Durante toda a semana passada tivemos eventos para celebrar esse aniversário. A Bienal do Livro, shows de artistas fantásticos, competições, maratonas, balonismo. Tudo muito próprio para uma senhora respeitável, se ela realmente pudesse ser vista assim.
Infelizmente, Brasília tem se comportado de maneira reprovável. Seja pelos habitantes políticos que insistem em demonstrar falta de ética e compromisso público, seja pela administração falha de seus recursos que transformam a saúde, a educação e a segurança de seus moradores em uma piada de mau gosto. Hospitais sem condições de atendimento, professores em greve por um salário digno, violência desmedida e descontrolada aterrorizando a cidade.
O que há realmente para se comemorar? E, talvez a pergunta mais importante, como comemorar? Pão e circo tem sido o "cala boca" do povo desde os romanos (provavelmente, antes). A receita se repete e a população engole o agrado e esquece de reivindicar, exigir, protestar. Milhões gastos em uma semana, enquanto teremos mais uma administração de 4 anos sem atenção ao que verdadeiramente é importante no nosso dia a dia. Quantas outras formas para se empregar o dinheiro suado dos contribuintes. Que me desculpem os mecenas e amante das artes, mas preferiria ver minha parcela dos impostos aplicada para evitar mortes em filas de espera dos hospitais, para evitar mortes por estarmos  sentados com amigos e sermos alvejados por bala perdida, para evitar a morte cultural e intelectual de jovens que não recebem educação de qualidade. 
A festa alegra o momento, os fogos de artifícios, a música, o show de bola, tudo muito lindo mas extremamente efêmero diante da falta de estrutura que amarga nossa vida por anos a fio.

sábado, 14 de abril de 2012

Eu fico com a pureza das crianças

O ser humano é mesmo engraçado! Quando somos crianças tudo que queremos é crescer. Crescer para alcançar a prateleira mais alta da estante. Crescer para ler mais que gibis. Crescer para sair sozinha. Crescer para dirigir o carro. Crescer para escolher.
Aí a gente cresce e tem dias (muitos dias) em que tudo o que se quer é ser criança. Inocente, alegre com desenhos animados, papinhas e brincadeiras. Dormir feliz no colo de quem nos ama e protege. Não ter que pensar em problemas ou tomar decisões difíceis (mesmo as fáceis podem ser fardos).
Outro dia fui ver a Dany e não consegui resistir ao Arthur, o bebê dela que ainda não tem 2 anos. Tem coisa mais gostosa que abraçar uma criança, cheirar, beijar, ver um sorriso gostoso se espalhando pelo rosto deles e aquele olhar maroto de "eu sei que você tá doidinha por mim". Fico assim perto do Rafinha da Simone, é automático. Chego na casa dela e tenho que agarrar aquele garoto! E ele corre com as perninhas curtas, sabendo que eu vou logo atrás, e finge que se esconde perto da porta.
Ficar perto de crianças é como uma desintoxicação. Não importa a idade deles, a gente aprende tanto. São risadas despreocupadas que lavam a sua alma e fazem você esquecer de tudo. São perguntas altamente complexas, como a da Mafalda: Mãe, porque existe gente pobre?, ou completamente simples: Pai, como foi que eu nasci? E que nos fazem pensar com cuidado no que responder e como explicar para essas criaturinhas maravilhosas o mistério da vida.
Dar atenção a eles é como mergulhar em um rio límpido, com águas quase transparentes, e sair do outro lado com a sensação de ter uma segunda chance, de começar de novo, com cheiro de talco e shampoo Johnson.
Eles nos dão a dose certa de consciência da fugacidade da vida. De como o tempo é curto e urge. De como é importante escolher a estrada, limpar os pés e seguir em frente com cautela, mas sem perder o prazer de olhar pros lados, apreciar a paisagem, sentir o sol na pele, parar por vezes e procurar uma mão amiga, uma voz que oriente, uma sombra para abrigo. Repor as energias com um sono doce, sem sobressaltos, sentindo que o amanhã está a um passo de onde estamos.

domingo, 8 de abril de 2012

Notícias que amargam o café e a vida

O Superior Tribunal de Justiça julgou as vítimas de estupro e as sentenciou culpadas. Crianças abusadas que se prostituiam - provavelmente a única opção de vida que tinham - não foram consideradas dignas de justiça. Praticamente mereceram o estupro sofrido, procuraram por isso. É  essa a lógica, ministros? Que país é este?
Um garoto de 21 anos atirou a esmo fugindo de um assalto que ele praticou e atingiu um outro garoto de 32 anos, pai de uma garotinha de 5 meses, esposo, amigo, filho de alguém. Enquanto isso, no mundo virtual, os policiais militares criam comunidades que comemoram o caos, os homicídios e o aumento da criminalidade, o que fortalece o movimento grevista (ou operação tartaruga) deles por aumento salarial. Que país é este?
Ao ler notícias assim a boca seca, o café se transforma em borra presa na garganta. A lágrima escorre e a gente tem medo do presente, que dirá do futuro.
Você tem toda razão, Albert Einstein, "o mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim por aqueles que permitem a maldade".

sábado, 17 de março de 2012

Coisas que vi e aprendi perambulando por Paris e Lisboa




Às vezes você se sente em casa


















Amigos é o melhor presente que se pode desejar











A lugar para todos 



O mundo é menor do que parece


O colorido natural é sempre mais bonito

Todo mundo é fashion na Europa 

 A arte está em todo lugar
 




Alguns lugares são surreais:


 
 

 Alguns conselhos interessantes:
 









Relaxar é sempre uma ótima solução
 Se a gente não perguntar, não vai saber a resposta. Há sempre uma escolha, uma direção a seguir.







Quando você está bem, a lua nasce dentro de casa...




 Tudo tem um preço.

   "O que é que eles estão fazendo uns com os outros?!?!"


Dois grandes problemas femininos












Os dois maiores desejos femininos

Tem dias que a gente precisa se abastecer de coragem e por o pé na estrada!