sábado, 24 de setembro de 2011

Iniciando a jornada

Desde sempre sou atraída pelas palavras. Ler sempre foi um prazer incomparável. Eu abria um livro, uma revista, um gibi, um jornal, qualquer coisa escrita, e caia nesse mundo mágico, como Alice no País das Maravilhas. Os personagens se tornavam tão reais, eu quase podia tocá-los. O exército de palavras marchava sobre minha cabeça, dependurando-se nos fios de cabelo e sussurando seus significados nas minhas orelhas, invadindo meu coração. Eu realmente me transportava para um outro lugar, um espaço só meu, onde eu podia mergulhar no rio de histórias fantásticas ou comuns e me sentir parte delas.


Eu ainda me lembro do sofrimento que se apossou de mim quando li A pequena sereia de Hans Christian Andersen, não a versão da Disney, a verdadeira história de dor e agonia de uma garota apenas um pouco mais velha que eu. Minhas pernas doíam, eu coçava escamas imaginárias e me angustiava pelo destino de um ser extraordinário, mas sem nome próprio, que morreu lutando por seus sonhos.

A literatura fantástica era minha companheira e eu amei C.S.Lewis desde o primeiro livro sobre Nárnia. A leitura era um refúgio e uma aventura. Sonhar de olhos abertos, conhecer lugares incríveis sem sair do lugar. Reconhecer palavras, signos, significados, ouvir no silêncio do personagem tudo que ele queria me dizer. 


E então surgiram os meus próprios textos. Eu havia recebido tanto desses autores maravilhosos, a mente fervilhava de ideias e a alma se derramava em palavras que pudessem dar sentido ao que se passava comigo. Concursos de redação no segundo grau, incentivados por uma professora que conseguia perceber a nossa ânsia de concretizar os pensamentos, expurgar sensações novas e velhas, trazer à tona o que ainda não tínhamos vivido. Bons anos, boas memórias.


O curso de Letras na UnB era a consequencia lógica (essa palavra não combina comigo!) dessa paixão antiga. Tão bom entender que o aprendizado é eterno, renovável, constante. E a alma abre espaço para outro livro, um novo autor, uma nova ideia que se derrama e ilumina o caminho. O ato de escrever ganha contorno, estilo, formato. Alguém me disse que eu tenho estilo e eu estou tentando encontrar esse sujeito desde então. Alguém me chamou de covarde por não dividir meus textos e estou tremendo até agora. Alguém me disse: "Experimenta", e aqui estou nessa nova aventura, com as pernas doendo e coçando minhas escamas imaginárias. 


Resolvi então unir duas coisas: café e textos. Do primeiro não entendo nada, mas ele me traz boas lembranças e se tornou um companheiro para os meus pensamentos. Os textos? Bom, esses surgem nos momentos mais imprevisíveis e parecem ter vontade própria, então, vou deixá-los à vontade. Na minha jornada vou visitar cafeterias e escrever. A mistura disso vai estar aqui para vocês. Quem vem comigo?