quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Faça o que eu digo... e faço!


Gandhi esteve no meu trabalho esta semana. Ele é realmente um cara legal! Explica tudo com uma facilidade, tem um comportamento tão coerente e parece saber muito sobre a vida. Foi um papo interessante. Não, gente, não estou alucinando (ainda não). O ator João Signorelli apresentou a peça "Monólogo de Gandhi" e o fez muito bem, por sinal. Ele se veste como o líder político e espiritual, com a cabeça raspada e o corpo um pouco encurvado, realmente lembra o pacifista imortalizado na história da Índia. 

O monólogo produziu reflexão nos presentes ao evento. Calou fundo em mim o fato de Gandhi liderar pelo exemplo, exigindo dos outros o que ele mesmo cumpria. "Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia!". Obrigada pela dica, Gandhi!

Também fui beber a água da preguiça no Teatro da Caixa. O leitor preguiçoso, como tão bem explicou Francisco Bosco, é aquele que aprecia o livro em pequenas doses, tomando tempo para refletir nele, principalmente quando se trata do texto de gozo, que faz o leitor reescrever o que lê. Fiquei contente, porque me descobri uma leitora assim, que mastiga, saboreia e mergulha nas palavras da história. Lendo "Trem noturno para Lisboa", descobri que era impossível caminhar a passos largos pelo livro. Tudo me fazia parar, refletir, sentir, analisar, sonhar, desconstruir o real dentro de mim, comparar, polir, esmiúçar, para reconstruir um real completamente diferente. 

Como bem disse Fernando Pessoa, "cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos. Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece. Na vasta colônia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente". 

Até agora a semana tem sido cheia de contenteza (contrário de tristeza - qualquer coincidência com Guimarães Rosa é pura semelhança), o que dá um pouco de medo, porque, se depois da tempestade vem a bonança, consequentemente, o inverso pode acontecer, certo? Mas, com o otimismo que me é inerente, vou varrer essas preocupações da alma e me concentrar no que realmente importa, como Miguelito explicou com tanta propriedade para Mafalda: viver!

Um feito memorável, pois, já dizia Guimarães Rosa: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".

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