quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Café com notícias


Preciso confessar logo no início deste blog que eu sou uma pessoa de hábitos... estranhos... não muito estranhos. Por exemplo, eu tomo café da manhã no Mc Donalds. Quase todos os dias. Eu sei, eu sei, lá não é cafeteria, nem sei se a gente pode chamar de lanchonete, o pão parece um pouco emborrachado, não tem cara de Brasil, eu sei, eu sei. Mas é que eu sou fixada no copo. É gente, o copo com tampa, igualzinho aos dos agentes do FBI nos filmes de ação. Um dia comecei a ir lá, por causa do bendito copo e, pronto, nunca mais parei!

Mas eu também gosto do ambiente de manhã cedo. Tipo 7h30, 8h. É calmo, eu sento na mesa e me espalho. Levo jornal, livro, caneta. Leio o Correio Braziliense de cabo a rabo, e me deprimo todas as vezes, corrupção, violência, morte, que sina! Ser humano é gente esquisita.

Misturo o café com o leite - eu só peço separado, é mania (ou será TOC?). Só eu sei misturar meu café no leite e deixar na cor exata que o estômago aceita. Não dá pra explicar. Os garotos do balcão do Mc já me conhecem, sou quase sócia honorária. Bom, misturo o café com o leite e vou bebericando enquanto sofro com o jornal. Faço as palavras cruzadas, leio o signo, o poema, encontro os 8 erros. Presto atenção nas notícias da televisão. Pego o livro da vez e mergulho. Acho que passo uma hora, uma hora e meia nesse ritual diário. Ser humano é gente esquisita.

No começo me sentia um pouco culpada de gastar meu tempo lá. Mas essa sensação só durou até eu entender que eu preciso gastar meu tempo lá e pronto. Alguns dias, o lugar fica lotado com a garotada do cursinho pré-vestibular ou de algum colégio próximo. É uma mixórdia de sons. Garotas e garotos despejando a vida nos ouvidos alheios e nem percebem. Contam suas mágoas, o último namoro, a briga com os pais, com os professores, os pensamentos mais profundos são liberados na mesa da lanchonete, em alto e bom som - eles não são muito bons em controlar o volume - e depois da tempestade vem a bonança. As amigas que dizem que ele é um bobo e não te merece, os amigos que te dão toda razão em ficar magoado com seus pais, mas pedem calma e memória curta. Os filósofos que contagiam os outros com grandes idéias para mudar esse mundo caótico que certamente vai acabar em 2012.

Nos dias calmos, leio bastante. Meu último livro companheiro foi A RESPOSTA,  de Kathryn Stockett. Um livro magnífico e doloroso, que retrata a segregação racial nos estados do sul dos Estados Unidos. A narrativa é dividida entre 3 mulheres, duas negras, empregadas domésticas nos anos de 1960, e uma jovem branca de classe média, que cresceu em um meio onde o preconceito racial era considerado normal. O livro comove desde o início. Faz a gente sentir vergonha de ser humano e do ser humano (gente esquisita!). 

Esta semana tentei analisar o que me doía mais, ler livros como A RESPOSTA ou notícias no jornal da minha cidade, que mostram a corrupção no governo, a falta de ética e compromisso social dos deputados e senadores que nós mesmos elegemos. É engraçado como a gente sofre mais pela história que retrata a realidade dos outros do que pela nossa própria história. É preciso sofrer por nós mesmos e tentar mudar a nossa sina, ao mesmo tempo que aprendemos com a história alheia e tomamos para nós lições preciosas.

Eu fui à Marcha contra a Corrupção no dia 7 de setembro, mesmo ouvindo de muitos que essas manifestações não resolvem nada. Eu fui porque preciso me mexer. Preciso balançar os braços e dizer: ei, corrupto, não pense que você está isento e que ninguém sabe o que você fez no verão passado. Eu sei, eu anotei e não voto em você de jeito nenhum, nunca mais!! Ser humano é estranho, gente esquisita, mas ainda tem jeito!

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