Um café e um tango, por favor!

Ir a Buenos Aires foi o pagamento de uma promessa a mim mesma. A terra da Mafalda, meu alterego querido, sempre foi alvo da minha atenção, mas deixei passar algumas oportunidades de conhecê-la.

No fim de semana passado finalmente aterrisei em Buenos Aires, um lugar maravilhoso. Cidade limpa, exalando cultura com seus muros pintados e não pixados. Andei de táxi, metrô e ônibus, perguntei tudo a todos (bem do meu feitio) e conheci uma pequena parte de um lugar incrível!

Tirei foto com a minha Mafalda querida, no San Telmo, um bairro maravilhoso de Buenos Aires, cheio de arte e cultura. um café em cada esquina, turistas do mundo inteiro passeando pela tradicional feira de antiguidades, o tango na rua, o sol no rosto, a alegria no coração.

Os argentinos são bem saudosistas. Os monumentos contam isso. Evita Peron, Carlos Gardel, Maradona, são todos figuras exaltadas nos pontos turísticos da cidade. O show do Señor Tango trouxe uma homenagem a Astor Piazzola e a Carlos Gardel, com bailarinos maravilhosos e mulheres com lindas pernas torneadas que dançam o tango com perfeição. E quando ao final os cantores, com suas vozes marcantes e de timbres profundos, cantaram "Don't cry for me Argentina", dava vontade de também cantar com a mão no peito, a cabeça erguida e os olhos molhados.

O Boca Juniors ganhou o jogo no domingo, no La Bombonera, e a cidade toda saiu às ruas, comemorando com bandeiras, buzinaço, fechando a Avenida 9 de Julio para mostrarem seu orgulho.

Que sonho bom sentar na El Ateneo Grand Splendid, um antigo teatro transformado em livraria, e admirar sua arquitetura, seus ornamentos, o teto abobadado com pinturas de temas bíblicos, sorver um café mocha e escutar o silêncio da palavra escrita, o eco dos livros que se espalham nos 3 andares e reverbera nos leitores espalhados pelos nichos de leitura, com poltronas e sofás confortáveis, ou pelas mesas da cafeteria. Estou sonhando até agora!

Passear na Puente de la Mujer, em Porto Madero, em uma noite linda e quente, vendo ao longe os prédios altos e iluminados da cidade. Sentir a brisa refrescando a caminhada para escolher um dos muitos restaurantes para saborear uma parrila e tomar uma taça de vinho tinto.

De todos os cafés, o meu preferido foi o Havana, delicioso em sua mistura com creme e raspas de chocolate. Mesmo o café antillano do Café Tortoni, extremamente saboroso e forte, não foi páreo para  o primeiro. É claro que é preciso voltar, muitas vezes, para experimentar outros cafés, ver outros tangos, andar por outras ruas, conhecer outras pessoas, ouvir histórias e gravar na memória os momentos bons que a vida oferece.
Amei também o cuidado com a língua pátria. Não há uma overdose de estrangeirimos nos anúncios e placas de lojas. Peluqueria e não Coiffeur, Locutório e Internet e não Lan House. Adorei o anúncio pintado na porta de um veículo: Este vehículo es controlado satelitalmente por la policía.
Por tudo isso, qualquer dia eu volto!