Ela sentiu o coração bater mais forte quando o avistou pela primeira vez. Estava tão absorta no mundo virtual que não havia reparado como ele chamava a atenção. A foto cresceu diante dos seus olhos e as borboletas farfalharam no peito. Será que era este? Não queria se adiantar, já passara por isso antes e a decepção que se seguia ao encontro doía muito. Pensou em desistir, ignorar a atração crescente que se apoderava dela, mas nunca fora boa em bater em retirada. Mais um dos seus defeitos, talvez o maior deles.
Namorou aquela imagem por dias e semanas a fio. Acompanhando com cuidado suas características, seus encantos, até mesmo seus possíveis defeitos. Se fechasse os olhos, podia vê-lo a seu lado. Podia quase tocá-lo, sentir sua textura, e o frisson que isso lhe causava era a prova de que precisava fazer alguma coisa.
Os primeiros contatos foram tímidos, não queria apressar o que parecia ser um relacionamento duradouro. Preferia manter uma distância respeitável e admirar de longe o que tanto lhe chamara a atenção. Os dedos formigavam e a boca ficava seca com a perspectiva de um encontro de verdade, com direito a tocar, saborear, encaixá-lo em seu corpo e sentir a promessa de conforto que emanava dele.
Tinha uma viagem marcada, não podia decidir tão rápido! Sentia que era uma escolha para toda vida, mas também não queria ficar separada dele por tanto tempo. Como fazer? O tempo dirá, não era o que diziam? Se tiver que ser, será. Foi viajar, planejando um feliz encontro para o retorno que se daria em breve. Pintava com cores alegres o momento mágico, escolhendo até o vestido que combinaria com o sorriso e o cabelo solto.
Aproveitou a viagem, a companhia da amiga, os lugares mágicos, os cafés. Voltou contente, pensando que sua ansiedade estava prestes a terminar. Era o mês do seu aniversário, certo? Podia acreditar em finais felizes, pelo menos nesse mês! Correu ao encontro com um sorriso aberto, prevendo a sintonia entre os dois, o quanto seriam bons companheiros, para início de conversa.
Horas depois, tomando vagarosamente seu café, ainda não conseguia entender o que acontecera. Como algo que parecia tão predestinado ao sucesso terminara antes mesmo de começar. O que fizera de errado? A atração instantânea lhe deixara cega e não percebera que o encaixe não era possível? Maldita ansiedade que a envolvera como uma neblina densa, apenas para desabar sobre sua cabeça com a velocidade de um raio, lançando-a na tristeza do desencontro.
De olhos rasos e coração pesado, preparou-se para o inverno que a rodeava, repetindo o mantra já conhecido para essas situações: "Não era para ser, não era para ser!". O que não aliviava a dor de perder o que nem mesmo chegou a ter.
Ao lado da loja de sapatos, um bistrô a atraiu e ela sentou-se para pedir um expresso e um pedaço de torta, prêmios de consolação, sabendo que seria muito duro esquecer o lindo e único par de sapatos azuis, com uma delicada flor de fuxico rosa, que fazia seus pés formigarem de desejo, mas que não veio no tamanho certo! Adeus, meu maravilhoso quase presente de aniversário!
Ao lado da loja de sapatos, um bistrô a atraiu e ela sentou-se para pedir um expresso e um pedaço de torta, prêmios de consolação, sabendo que seria muito duro esquecer o lindo e único par de sapatos azuis, com uma delicada flor de fuxico rosa, que fazia seus pés formigarem de desejo, mas que não veio no tamanho certo! Adeus, meu maravilhoso quase presente de aniversário!
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