Ontem fui ao Teatro da Caixa assistir à montagem de Aderbal Freire Filho da peça "Na selva das cidades" de Bertolt Brecht. Quando fui comprar os ingressos, meu e do João Vitor, meu filho, aproveitei para tomar um mocha no Café Cultura - decidi que é o melhor mocha da cidade. Quando o convidei para ir ao teatro, o João Vitor perguntou: "sobre o que é a peça?", respondi: "Não sei, não consigo explicar!".
E não consigo mesmo explicar Brecht, é tão intensa a experiência de assistir uma peça dele que só dá para decifrar tudo o que se viu, ouviu e experimentou horas, dias, meses depois.
Foram 3 horas assim, intensas. É uma mistura da khatarsis de Aristóteles com epifanias que se sucedem na alma, até que você se esgota um pouco, por ter de pensar em tanta coisa de uma só vez. Se Brecht fosse livro, eu leria em pequenas doses, bem pequenas, não diárias, para conseguir absorver sua metafísica que estimula mas que tem uma alta dose de cinismo ao olhar para as relações humanas.
Nossa, esse texto tá chato e pseudo-intelectual!! Os atores são ótimos. Tivemos um intervalo de 10 minutos, corri ao Café Cultura e pedi outro mocha (overdose, eu sei, mas Brecht fundiu meu cérebro e eu precisava me recuperar!).
A fila grande, o tempo curto, tive que beber às pressas (o que eu detesto, não dá pra se apressar uma degustação) e deixar metade na lixeira - no teatro só entra água, você e seu espírito aventureiro que vai mergulhar nas águas brechtinianas e voltar pra casa acabrunhado e pensando muito no que mais você anda vendendo além da suas opiniões... e porquê.
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