quinta-feira, 8 de março de 2012

Uma garota de catorze anos em Paris



A primeira vez que eu planejei ir a Paris eu tinha 14 anos. Fazia francês no CIL (Centro Interescolar de Línguas) que ficava no colégio Elefante Branco. Morava na Ceilândia e pegava um ônibus que levava horas para chegar lá, duas vezes por semana. A professora de francês falava sobre Sacré-Couer, uma igreja que fica no alto do monte Martre, o ponto mais alto da cidade. Ela dizia que à noite as luzes se acendiam e, se vc estivesse na base do monte e olhasse para a basílica, ela parecia flutuar na neblina do inverno. Vim a Paris no inverno, ver Sacré-Couer e andar pelas ruas de Montemartre, subir na Torre Eiffel e passear no Quartier Latin, visitar o Louvre e imaginar a sensação dos soldados ao avistarem o Arco do Triunfo ao longe, cansados da batalha mas próximos de casa.
Vim a Paris trazendo no coração a garota de 14 anos que caprichava nos Rs sonoros e no biquinho francês e aprendia músicas francesas que falavam de corações partidos e solitários. Vi minha igreja flutuante e a Cidade Luz me recebeu tão bem que o sorriso chega fácil. Andei de metrô (que para mim equivale a ser convidada a conhecer uma casa cômodo por cômodo, fazendo um tour com o proprietário) e me senti uma aventureira ao provar a culinária francesa: escargot, moules frites, torta de carne de coelho, kebab (não é bem um prato francês mas você não pode sair do Quartier Latin sem provar um).
Os monumentos são lindos, a história dormita em cada construção, arco, ponte, museu, palácio, jardim e calçamento. 
Vou voltar para o Brasil com a memória abastecida de cores, cheiros e sons de Paris, lembrando a dama que flutua no monte Martre e dá as boas-vindas aos turistas de 14 anos e olhos arregalados.

2 comentários:

  1. Lindo texto, bela garota de quatorze anos em Paris. Agora você tem mais elementos para aproveitar o que a sua professora dizia... Naquela época, talvez o Arco do Triunfo significasse apenas mais um ponto turístico da cidade! Viva Paris! Bjs, Red!

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  2. oi Red,

    bacana a estória.

    Vim ofertar-lhe um buquê de perfumadas tulipas amarelas parabenizando você por seu dia, embora sei que para quem tem jardins no coração como você não seja muito, mas é com respeito e carinho.

    Um abraço!

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