sábado, 14 de dezembro de 2013

Desejos



Há alguns dias recebi uma agenda de 2014 pelo correio e um cartão com alguns desejos:


Nem uma vidinha; 
Nem um vidão; 

Simplesmente uma vida;

Plena e intensa; 

Mas não tensa. 

Com alguém para amar;
Com um ombro para chorar; 
Com momentos para brindar; 
Com grana para gastar;
Com amigos para compartilhar. 
Simplesmente uma vida; 
De erros e acertos; 
Com alguns exageros; 
De muito entendimento; 
E pouco arrependimento. 
Uma vida larga;
Sem margem, cheia de aragem; 
Para quem embarca;
Com a cara e a coragem;
Nesta maravilhosa viagem. 
São os meus votos para você. 
Boas Festas!

Apesar de dezembro ser o mês do meu aniversário, tenho dele lembranças tristes e não penso muito sobre as ditas Festas que ele traz. A falta de pessoas caríssimas e alguns eventos marcantemente tristonhos me fizeram querer que dezembro passe por mim sem me reconhecer e parar para bater um papo. Se o vejo na esquina, giro o corpo de mansinho, desvio o olhar para outro lugar e fico esperando que ele não me reconheça. Táticas de guerra!
Mas o cartão me fez parar e pensar. Talvez porque tecnicamente ele se refira ao próximo mês, ao próximo ano, janeiro de 2014. São desejos para o meu futuro, muito bons por sinal, pelos quais eu agradeço ao remetente, não poderiam ser melhores.
Já que o ano está terminando, a retrospectiva 2013 torna-se obrigatória e o balanço anual para verificar se o saldo até agora está positivo ou negativo é inevitável. Quem de nós consegue escapar dessa necessidade tão humana de se definir, se delimitar? Não acreditamos em apenas ser, precisamos comprovar com nossos bens (materiais, intelectuais, sensoriais e outros ais) o que representamos no mundo, ou pelo menos, no nosso contexto social (família, trabalho, facebook, twitter e assemelhados).
Qual é a imagem que se projeta de nós para os outros? O que demonstramos com nossas atitudes e palavras e qual o impacto disso no nosso habitat? Também reservamos um momento para a contagem do espólio anual. Como nos saímos? Quais os ganhos? Quantas perdas? Qual o nosso status quo atual?
Nossa! Fazer balanço anual cansa... a mente e o espírito. Mas, aceitando o desafio às avessas do cartão que me foi enviado, peguei lápis e papel (já aprendi que nada deve ser escrito à tinta ou lavrado no fogo, dá muito trabalho apagar depois) e tentei fazer uma colagem do meu 2013. No facebook é mais fácil, ele tem um aplicativo que faz isso por você, fuça suas fotos e postagens e escolhe as highlights (algumas não são tão "ponto alto" assim, mas paciência, o facebook sabe mais...), mistura tudo e lança um book pra você na sua página.
Meus bens atualmente se resumem a um cérebro um pouco gasto, mas ainda em bom estado; um corpo 4.6, que eu considero ser como os carros, quanto maior o número, maior a potência, melhor os acessórios e o acabamento do veículo; uma porção de bons amigos de infância, adolescência, juventude e imaturidade atual, pessoas com quem contar e que também podem contar comigo; um trabalho que eu gosto de fazer; alguns livros presos na estante porque marcaram minha história, mas que pretendo libertar em breve, passando à frente o conhecimento que me trouxe reflexões; alguns muitos erros e acertos, é claro; enfim, uma vida que eu entendo larga, mas que pode ficar melhor ainda (sempre pode) com um amor antigo que chegou de mansinho e está renovando muita coisa em mim.
Pronto, balanço feito! E a vida, que parece voejar a nossa volta, beija nossa testa em 2013 e vai seguindo rumo a 2014. Por tudo isso, só posso dizer à pessoa que mandou a agenda: "Muito obrigada pela mensagem do cartão!". E preciso mesmo fazer as pazes com dezembro, ele caprichou no meu presente de aniversário. Acho que vou convidá-lo pra tomar café, alguém aceita??


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