segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Uma coruja vermelha

Cada dia que passa eu fico mais certa de que qualquer hora vou virar coruja. Essa ave enigmática e que parece estar sempre observando o mundo e refletindo sobre ele. Fui de novo para o spa de Uberlândia (terceira vez esse ano, um recorde) e encontrei uma coruja vermelha. Linda, graciosa, valente protegendo sua casa e suas crias, um show. Não consegui nem mesmo tirar uma foto, porque era só chegar um pouquinho mais perto e ela voava e se escondia no meio do mato. Aqueles olhos enormes me encarando. Talvez na próxima eu consiga me aproximar.

Digo que vou virar coruja porque acho que é um passinho de nada. Afinal, elas são tão parecidas com as mulheres, cheias de mistério, símbolos da reflexão, da sabedoria, girando a cabeça em todas as direções e observando a tudo e a todos. 

Como eu sempre digo, o spa é um lugar altamente democrático, onde as pessoas se mesclam independente de berço, cor, conhecimento, posses. Aprendo sempre ali que passar fome emagrece e que as pessoas querem mesmo é ser ouvidas. Contar suas lidas e histórias e ouvir dos outros o incentivo, o conselho, a solidariedade, ou mesmo o silêncio amigável já é estimulante.

Minha amiga torturada da vez foi a Gláucia (mas ela já conhecia o spa e não faz nem cara de sofrimento). A gente se conhece desde a infância, 7 ou 8 anos. Estudamos juntas na adolescência (bom, eu estudava, rsrs) e foram muitos os dias em que caminhamos juntas para o colégio, rindo e contando histórias, ou inventando outras com a nossa imaginação fértil.

A gente não se via a um tempão (não vou dizer quantos anos porque os matemáticos de plantão vão me chamar de velha e eu sou apenas antiga), basta dizer que casamos, tivemos filhos e eles já cresceram, separação, divórcio, vida que segue, e só agora nos reencontramos. Mas o reencontro fez parecer que foi ontem a nossa despedida, um tchauzinho, até amanhã. A amizade é a mesma, as risadas e brincadeiras também, as histórias são mais longas e os filhos estão sempre nelas, e as lendas que nós criamos são impagáveis. Foi uma estadia muito boa e deu até pra colocar o papo em dia, quando ela não estava dormindo ou eu correndo (é mais ou menos como uma lebre e uma tartaruga amigas). 

Mas ela é a tartaruga mais bonita e atraente que eu já vi. Cantora, compositora, poeta, um espetáculo. E eu sou uma lebre mandona que ela aguenta com uma carinha tão boa (pensando com os seus botões: cadê o botão de DESLIGA???). No final, dá tudo certo. Ela dorme, eu corro, a gente sai, passeia, se diverte e volta rindo. 

Fiz novas e boas amizades. Ouvi e contei histórias, recebi conselhos, ensinei do meu jeito desajeitado algumas delas a correr no parque, outras apenas torturei (rsrs), mas a lembrança de todas vou guardar com muito carinho. Tem jeito melhor de passar fome?? Melhor que isso só quando eu virar coruja...

4 comentários:

  1. ah que coisa linda!!!! Amei!! Definitivamente a lebre e a tartaruga...
    te adoro Red!!

    ResponderExcluir
  2. Muito legal!... e deu pra conhecer um pouquinho mais das duas: lebre e tartaruga. Que amizade mais doce a de vocês!

    ResponderExcluir
  3. Bonito e tocante relato, Red.

    Saudoso e respeitoso abraço!

    ResponderExcluir
  4. Uma coruja vermelha? A Red Owl? Eu nunca tinha visto uma coruja biográfica! rsrsrs... Mas Deus nos presenteia das melhores e mais inesperadas formas! Um beijo.

    ResponderExcluir