Estou de férias. É uma sensação boa saber que, pelos próximos 30 dias, posso dedicar as 24 horas do dia a mim mesma, ou pelo menos a outras coisas que não estão sob o rótulo TRABALHO no meu dia a dia. Mesmo a rotina de casa não tem urgência. A louça se acumula na pia e eu resisto bravamente ao bichinho do TOC que me cutuca por dentro e repete como um carma: "arruma, arruma, lava, lava". Deixo ele falando sozinho e vou pro parque correr na chuva, vou almoçar na casa de uma amiga, abro um livro e me esparramo no sofá, viajando muitas milhas.
Ontem fui ao cinema. Vi a dica do filme GRAVIDADE no facebook de um amigo e quis conferir essa perfeição técnica que estavam comentando. Além disso, filme com a Sandra Bullock e o George Clooney não pode ser ruim.
Parei no sinaleiro, esperando a luz verde, e vi o palhaço. A fantasia era novinha, muito bem feita, colorida e com uma estampa de bom gosto. A peruca azul brilhando ao sol, um laço no alto da cabeça. Ele ia de carro em carro, fazendo reverências para as janelas escuras e fechadas que pareciam dizer: "Não enche!". Trazia nas mãos uns pirulitos vermelhos de coração e o sorriso era tão espontâneo que ganhou o meu. Abri mais o vidro (ele está sempre aberto para horror das minhas amigas que andam comigo e preferem o ar condicionado, que eu não suporto, e a falsa segurança da janela erguida, que eu não adoto) e estiquei o braço com uma moeda na mão.
Ele veio gingando, com os sapatos gigantes, mas antes de estender a mão para pegar a moeda, estendeu-me o rosto alegre e sorridente e me desejou felicidades. Também me ofereceu dois pirulitos pela moeda coletada, mas eu disse que não precisava, porque não era uma compra, era uma troca, e do meu ponto de vista, eu ofereci muito pouco e ganhei muito com o sorriso de um idoso esperançoso que encontrou um jeito criativo de "sobreviver" nesse mundo de mazelas.
O filme era mesmo muito bom. A técnica de filmagem espelhava com perfeição o espaço, a falta de som, de gravidade. Mas o que realmente me fez segurar o fôlego uma boa parte do filme foi o instinto de sobrevivência, a força que se manifesta no ser humano em momentos extremos, de incrível perigo e em condições que poderiam ser insuportáveis, mas que nos fazem tomar a decisão de viver, de resistir a tudo, e a tudo combater para permanecermos vivos.
Encontrei dois heróis em um só dia, quem diria, uma aspirante a astronauta e um palhaço que distribui sorrisos no sinaleiro! Que dia de sorte!
Essa semana também vi esse filme e gostei, só não achei legal o final, não por ser final feliz, acho legal, mas ficou um pouco abaixo do filme.
ResponderExcluirVerdade, Eliú, mas filme de Hollywood sem final feliz não existe, né? rsrsrs
ResponderExcluir